sexta-feira, 18 de agosto de 2017

A ÁRVORE DA FELICIDADE



          Contam que ha muitos anos um peregrino, depois de caminhar durante infinitas jornadas debaixo de um implacável sol da Índia, desejou em seu coração poder descansar à sombra de uma árvore que lhe desse abrigo.
          De repente, divisou ao longe uma frondosa árvore, solitária no meio da planície. Coberto de suor e cambaleando sobre seus pés fatigados, se encaminhou alegremente para seu desejo feito realidade.
          "Enfim poderei descansar" - pensou - e abriu um espaço entre os espessos ramos, que chegavam até o chão.
          Que mais podia pedir? Estendendo-se sobre a terra em seu refúgio vegetal, tratou de conciliar o sono, mas o chão era duro. Quanto mais tratava de ignorar sua incomodidade, mais lhe custava adormecer.
          "Se ao menos tivesse uma cama...", pensou.
          Nesse momento surgiu uma imponente cama, com imaculados lençóis de seda, digna de um Sultão. Brocados, luxuosos tecidos de Samarkanda e as mais suaves peles cobriam o leito. É porque, sem saber, o peregrino tinha ido sentar-se debaixo da mítica árvore dos desejos: aquela árvore milagrosa era capaz de converter em realidade qualquer desejo expressado debaixo de seus ramos.
          O homem se deitou no macio leito relaxando-se. "Sinto´me tão bem! - disse para sí - "É uma pena que tenha tanta fome".
          Subitamente, apareceu diante dele uma esplêndida mesa coberta com os mais saborosos manjares: ricos e variados pratos perfeitamente preparados e servidos nas mais luxuosas vasilhas. Sobre as mais finas telas tecidas de fios preciosos que se mesclavam com ouro, prata e finíssimo cristal com as mais exóticas frutas e saborosas sobremesas.
           Todas estas maravilhas tomaram forma diante de seus olhos assombrados. Tudo aquilo com o qual sempre havia sonhado nas solitárias noites do seu longo peregrinar estava agora diante dele. E quanto mais comia, mais comida aparecia: cada novo manjar era ainda mais saboroso e perfeito que o anterior.
          Finalmente disse:
          - Já não posso mais!... e nesse momento a mesa e todas as maravilhas se desvaneceram no ar. Ao peregrino lhe embargava um sentimento de profunda felicidade.
          "Não me moverei daqui e serei sempre feliz" - pensou. Mas, de repente, uma ideia terrível veio à sua mente: "Claro que esta planície é famosa por seus ferozes tigres. Que sucederia se um tigre me descobrisse? Seria terrível morrer depois de ter encontrado a árvore da felicidade".
          Foi numa fração de segundo mas bastou. Cumprindo seu pensamento, naquele momento surgiu do nada um terrível tigre que devorou o temeroso peregrino.
          E assim a árvore da felicidade ficou só de novo, esperando a chegada de um ser humano de coração completamente puro, que não anteponha o medo nem a desconfiança na busca de sua felicidade e a dos demais.


                        Quando estiver sozinho, vigia teus pensamentos. 
                         

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