sábado, 1 de abril de 2017

OS OLHOS DE QUEM VÊ



          Um dia, um pai de família rica, grande empresário, levou seu filho para viajar até um lugarejo, com o firme propósito de mostrar-lhe o quanto as pessoas podem ser pobres. Seu objetivo era convencer o filho da necessidade de valorizar os bens materiais que possuía, seu status e prestígio social. O pai queria desde cedo passar esses valores para o seu herdeiro.
         Eles ficaram um dia e uma noite numa pequena casa de taipa, de um morador da fazenda de seu primo.
         Quando retornavam da viagem, o pai perguntou ao filho:
          - E aí filhão, como foi a viagem para você ?
          - Muito boa, papai.         
          - Você viu a diferença entre viver na riqueza e viver na pobreza?
          - Sim, pai... - Retrucou o menino, pensativamente.
          - E o que você aprendeu com tudo que viu naquele lugar tão pobre?
          O menino respondeu:
          - É pai, pude ver muitas coisas...
          Vi que nós temos só um cachorro em casa, enquanto eles têm quatro. nós temos uma piscina que alcança metade do jardim, e eles têm um riacho sem fim.
          Nós temos uma varanda coberta e iluminada com lâmpadas fluorescentes e eles têm as estrelas e a lua no céu.
          Nosso quintal vai até o portão de entrada e eles têm uma floresta inteirinha. nós temos alguns canários na gaiola e eles têm todas as aves que a natureza pode oferecer, soltas!
          O filho suspirou e continuou:
          - No quarto onde fui dormir com o Tonho, passei vergonha, pois não sabia sequer orar, enquanto ele se ajoelhou e agradeceu a Deus por tudo, inclusive por nossa visita. Lá em casa, vamos para o quarto, assistimos TV e dormimos. 
          Outra coisa papai, eu dormi na rede do Tonho e ele dormiu no chão, pois não havia rede para cada um de nós. Na nossa casa, colocamos a empregada para dormir naquele quarto onde guardamos entulho, apesar de termos camas macias e cheirosas sobrando.
          Conforme o garoto falava, o pai ficava constrangido, enrubescido e envergonhado. O filho, em sua sábia ingenuidade e brilhante desabafo, abraçou o pai e ainda acrescentou:
          - Obrigado papai, por ter me mostrado o quanto somos pobres!


          "Não é o que você tem, aonde está ou o que faz, que irá determinar sua felicidade, mas o que você pensa sobre isto."



          

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