domingo, 3 de setembro de 2017

OXALÁ E OS SETE ANOS PRESO NA MASMORRA DE XANGÔ



          Uma passagem na História de Xangô que explica o Branco de Baru: 
          Xangô Baru, recebeu de seu pai Oxalá um cavalo branco encantado como presente, quem o possuísse teria fartura em suas terras.
          Passado um tempo, Oxalá retornou a sua aldeia para ver como estavam as coisas em Oyó, mas antes de voltar ele consultou a um Oluwô para saber como seria a viagem.
          O Oluwô disse a Oxalá que ele deveria fazer uma oferenda a Exu, e levar três mudas de roupas brancas para trocar no caminho a Oyó, terra de seu filho Xangô Baru.
          Oxalá se recusou a fazer as oferendas a Exu e nem levaria as roupas para trocar porque o trajeto era pequeno e ele achou que o Oluwó estava errado.
          Exu para se vingar por não ter recebido suas oferendas resolveu fazer umas brincadeiras com Oxalá durante o trajeto, assim Oxalá veria que tinha que lhe fazer as oferendas de costume mesmo sendo o percurso tão pequeno, pois, Exu era o orixá dos caminhos e estradas, mensageiro dos orixás.
          Ao sair da cidade, já no caminho para Oyó, Exu se escondeu encima de uma árvore e jogou sobre oxalá sal grosso o que fez com que ele tivesse muita sede, parando então Oxalá embaixo de um dendezeiro tocou com seu Paxorô no dendezeiro extraindo dele o vinho de palma, uma bebida refrescante que Oxalá adorava.
          Depois de ter bebido bastante vinho, Oxalá adormeceu, foi quando Exu resolveu aprontar mais uma brincadeira. Pegou as frutas do dendezeiro cozinhou em uma fogueira e fez delas o azeite de dendê, jogou então encima de Oxalá não satisfeito pegou as cinzas do fogo e espalhou sobre ele tamanho era o porre oxalá nem se mexeu, mas ao acordar viu que estava ainda mais sujo que antes, lembrou-se então das palavras do Oluwò e se arrependeu por não ter dado ouvidos a suas predições.
          Ao se aproximar do reino, o cavalo que Oxalá havia dado a Xangô o reconheceu e por instinto foi até ele, o cavalariço encarregado de cuidar do animal julgou que oxalá estivesse tentando roubá-lo e chamou os guardas. Exu fez com que os guardas do reino não o reconhecessem por estar sujo e bêbado e por estar com o cavalo sagrado de Xangô foi preso e sentenciado a prisão por mais que o inquirissem sobre quem era e para onde ia, era impossível a eles acreditar que a resposta dada era verdadeira pois ele estava muito sujo e mal cheiroso coisa que era totalmente o contrário do verdadeiro Oxalá e continuavam perguntando vez após vez.
          -Para onde estava indo com o cavalo de meu mestre?
          Ao que oxalá respondia sempre:
          -Ao reino de Xangô Baru meu filho, eu sou Oxalá o grande orixá fun-fun,
          Os guardas já cansados de rir de Oxalá não acreditando que aquele velho sujo bêbado e maltrapilho fosse de fato Oxalá, o grande Orixá do branco, mas sim um mísero ladrão de cavalos o mandaram para o calabouço do palácio onde foi julgado e condenado pelos próprios guardas como ladrão de cavalos, um crime sério e de pena pesada.
          Oxalá vendo o escárnio dos guardas tentou repreendê-los por estarem insultando-o. Logo a ele, o grande Oxalá, pai de Xangô Baru, rei de Oyó.
          Os guardas não gostaram de serem repreendidos por ele pois, para eles, ele era apenas um beberão e ladrão qualquer, então ele foi aprisionado sendo jogado no calabouço do palácio de Xangô, por mais que tentasse explicar que não roubara o cavalo mas sim ele mesmo veio a seu encontro pois o reconheceu, coisa que eles não estavam fazendo, eles mais riam sabendo ser impossível que o grande Oxalá ficasse tão sujo e tão maltrapilho e por sete anos Oxalá ficou preso num calabouço como um ladrão de cavalos e ficaria mais ainda , não ocorresse o que ocorreu
          Depois de tanto tentar se explicar sem sucesso,Oxalá resolveu então ficar calado no seu sofrimento,Oxalá então adoeceu, provocando tristeza a infertilidade da terra e das mulheres de todo o povo de Oyó, a chuva passava por eles mas não caia as mulheres engravidavam e morriam sem poder dar a luz a seus filhos,
          Xangô então ficou muito preocupado com o que estava acontecendo e com a ajuda do Oluwó, Xangô Baru descobriu que seu pai estava preso injustamente como ladrão de cavalos nos calabouços de seu palácio.
          Sim, seu pai, o grande Oxalá, preso no palácio por mais de sete anos.
          Naquele mesmo dia , Xangô Baru mandou que seu povo vestisse branco e preparasse um grande banquete a Oxalá e foi buscar seu pai nas masmorras do palácio, chegando lá encontrou Oxalá em estado deplorável, sujo magro e doente sem forças para ficar em pé, Baru chorando, mandou que o lavassem com cuidado, que o vestissem com o melhor manto branco que houvesse no reino após isso ele pegou então seu pai e carregando-o nas costas dançou por toda a aldeia, gritava de dor e chorava pedindo perdão a Oxalá por tamanha injustiça contra ele, o povo vendo o estado em que Oxalá se encontrava chorava e pedindo perdão ao grande Orixá da Criação suas lágrimas ao caírem no solo faziam brotar arbustos verdejantes e oxalá assim acordou de seu sono e abençoou o povo de Oyó.
          Nesta lenda, Xangô surge como um rei humilde e solidário com a causa de seu povo mas também como um filho sentimental e que é capaz de sofrer pela dor de seu pai. Por isso, em uma roda de candomblé, quando determinada cantiga é executada pelos ogãs conhecedores da história entre pai e filho, cantam para que ,mais uma vez, xangô carregue seu pai nas costas pedindo clemência pelo povo que lhes assiste.

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