Certa manhã ensolarada de domingo, passeava eu pela pracinha daquela localidade quando vi um matuto vendendo laranjas.
Aproximei-me e vi que eram laranjas de sabor doce e me animei a comprar uma duzia delas.
Enquanto o matuto colocava as laranjas num saco de papel, eu, me julgando um cara esperto, falei:
- Olha, não deixe de colocar a do gato. Meu gato lá em casa fica miando toda vez que não levo laranjas para ele. Sardinha ele não gosta, mas laranja...
O matuto, sem dizer uma palavra, colocou a 13° laranja no saco e me entregou. Animado pela atitude obediente do matuto, decidi pedir mais uma duzia. Enquanto ele preparava o saco de papel para ensacar as laranjas, entoei novamente aquela:
- Olha, nesta duzia também não esqueça a do gato.
O matuto continuou a colocar as laranjas, sem dizer uma palavra.
Para quebrar um pouco o gelo daquele silêncio pesado que ficou no ar, emendei:
- Sabe, companheiro, esse gato que eu tenho lá em casa está me incomodando muito. Toda vez é isso aí: eu chego em casa e ele fica miando, miando, miando... Sabe, o bichano não está me servindo mais. Acho que vou acabar me desfazendo desse gato.
Foi quando o matuto, quebrando o silêncio, repentinamente, me retrucou:
- Desfaz dele não, seu moço. Ele ta sendo muito útil pro senhor.
"Nunca subestime a inteligência de um matuto."
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